Lideranças da base aliada preveem que a reforma da Previdência só será votada de fato na Câmara dos Deputados no segundo semestre deste ano, em razão da crise política que atinge o governo Michel Temer, após os donos e executivos da JBS incriminarem o presidente em delação premiada. Segundo aliados, a preocupação principal agora é com a sobrevivência do governo Temer, o que colocou a reforma em segundo plano, por enquanto.

Os líderes dizem que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou o início da votação da proposta no plenário da Casa para entre os dias 5 e 12 de junho apenas para dar uma sinalização para o mercado financeiro de que o governo não está parado. Como se trata de uma mudança constitucional, a reforma precisa passar por duas votações e, em cada uma delas, ter no mínimo 308 votos favoráveis.

Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse contabilizar entre 260 e 270 votos a favor da matéria. Esse era o mesmo placar contabilizado pelo deputado antes da delação da JBS.

O peemedebista diz que conta com a “caneta” do governo para liberar cargos e fechamento de questão de partidos da base aliada para alcançar o quorum necessário para aprovar a reforma no plenário da Casa.

Partido de Temer, o PMDB paralisou a discussão sobre o fechamento de questão do partido a favor da reforma. “Não está na pauta esse assunto”, disse o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP).

Antes da delação, o peemedebista tinha uma lista com assinatura de 50 dos 64 deputados da bancada apoiando o fechamento de questão. O gesto do PMDB é considerado fundamental para incentivar outros partidos da base a também fazerem o mesmo.

PRESSÃO

Empresários do setor da construção civil foram ontem, em caravana ao Congresso Nacional para pedir a manutenção do calendário de votação das reformas ainda neste primeiro semestre. Reunidos em Brasília para abertura ontem do Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), os dirigentes do setor teriam reuniões, em separado, com os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic), José Carlos Martins, os empresários estão muito preocupados com o quadro político e convencidos de que, sem aprovação das reformas, há risco da volta da recessão.

A leitura do setor é de que os sinais de reação no primeiro trimestre da economia podem ser interrompidos, se a agenda econômica não prosseguir. “Vamos levar a mensagem que o Congresso precisa continuar as reformas. Não aguentamos mais”, disse Martins ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O presidente Michel Temer iria na abertura do Enic, mas cancelou O presidente da Cbic vai levar para Temer, às 16 horas, a agenda do setor, que ainda não conseguiu recuperar o emprego.