“O Brasil tem a maior concentração bancária do mundo, o que faz com que 83% das micro e pequenas empresas não tenham acesso ao crédito”, afirma Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae

Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae, defendeu a ampliação do teto de faturamento anual para as empresas optantes pelo Simples Nacional  e o aumento da oferta de financiamentos voltados para os pequenos negócios por meio da criação das Empresas Simples de Crédito (ESC).

A declaração foi feita na abertura do 4º Seminário Pense nas Pequenas Primeiro, promovido pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em Brasília (DF).

De acordo com Afif, o Brasil tem a maior concentração bancária do mundo, o que faz com que 83% das micro e pequenas empresas não tenham acesso ao crédito.

“Hoje, cinco instituições, duas públicas e três privadas, concentram 82% do volume de recursos no país. Os bancos são grandes demais para atender os pequenos”, disse. A criação das Empresa Simples de Crédito irá aumentar o leque de opções e facilitar o acesso ao crédito para esse segmento”.

Também ressaltou que a distância entre a taxa básica de juros e o juro real na ponta é “astronômica”, e que quando o pequeno tem acesso ao crédito o juro final é quatro vezes maior.

As Empresas Simples de Crédito irão oferecer empréstimos a negócios locais, ampliando a oferta para os empreendimentos de micro e pequeno porte.

Por meio dessa nova atividade empresarial, o cidadão na sua comunidade poderá emprestar o dinheiro dele para a atividade produtiva local.

“Isso é para combater a agiotagem que está institucionalizada e oficializada por meio dos juros cobrados pelo cartão de crédito e pelo cheque especial.  Atualmente, essas são as únicas fontes de financiamento disponíveis para o pequeno”.

A criação da ESC consta no Projeto de Lei Complementar (PLP) 341/17, que tramita na Câmara e que teve sua Comissão Especial instalada na última semana.

No ano passado, a criação das Empresas Simples de Crédito estava prevista no Crescer sem Medo, última revisão da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, mas foi vetada.

Afif informou que o Sebrae está em negociação com o Banco Central para elaborar as regras de controle dessas empresas. Ele destaca que as ESC não poderão captar dinheiro de outras instituições e que para atuarem deverão utilizar recursos próprios.

Afif também destacou que é preciso ampliar os limites de faturamento das empresas optantes do Simples Nacional para que a sobrevivência delas seja garantida.

“Queremos limites mais estendidos, limites que façam da transição em uma rampa suave porque quem sai do Simples, cai no complicado. Sabemos que o complicado mata, mata pela burocracia e pelo tamanho da carga tributária no Brasil”, conclui.

FOTO: Charles Damasceno/Divulgação